domingo, 9 de dezembro de 2007

tempo

Abracei o tempo...

Ele me parecia triste, carcomido por ele mesmo...

Imagina ver tudo passar...

Todas as tristezas e agonias de todo mundo

TODO o mundo...

Perguntei se dava pra fazer alguma coisa...

Ele me respondeu que era só esperar o tempo passar...

Só esperar ele mesmo passar

Assim, sem ter nada que fazer...

Nada!

Deve ser triste ser o tempo



I.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Saudades de quê?

Saudade de um tempo que eu não quero que volte, mas... mas que, mesmo assim, faz falta. Dá vontade de ver de novo, do lado de fora, como uma peça de teatro, agachadinha ao lado da árvore, me vendo brincar.

Só pra lembrar de como eu me enganava, e achava que era feliz.

E de como eu gostava disso, mesmo sofrendo.

E de como eu tinha sonhos, e certezas sem fundamento.



L.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Tempo

Pensei, de verdade, que não fosse me recuperar. As coisas que ela me diz ficam martelando, e eu nem consigo dormir.

Mas foi assim da outra vez. Eu fui embora com a sensação de nunca mais enxergar a luz sem diáfanos.

E passou.

Levou tempo, e enquanto eu estava sufocada por aquelas palavras, tive medo de nunca mais tirar filtro da miséria dos meus olhos.

Mas passou. As palavras dela passam, sempre passam, e eu continuo como intocada.



L.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Balzaquianas mesmo

" (...) perdido num abismo de pensamentos, voando acima do mundo tal como ele é"

" (...) permaneceu ali durante um tempo incalculável, cinco minutos talvez. Foi uma eternidade"

" (...) vejo a poesia num lamaçal"


ele odeia essa corja que são os jornalistas, critica os poetas e parece não defender ninguém...

de que Balzac gostava?

talvez não fosse ódio, talvez só vontade de fazer sucesso...

insucesso quem sabe...

a vida anda corrida... aí não nos sobra tempo de escrever sobre ela...



I.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Uma dose de Balzac...

Não perdi as ilusões, porque nunca as tive. Mas as certezas, que eram tão poucas e que eu tinha tão concretas... ah! Por que ralo escorreram, que eu não consigo mais encontrar?



L.

domingo, 21 de outubro de 2007

A flor branca...

Uma flor branca sobre uma mesa de mármore.

A menina a olhou. Olhou fixamente e nunca pensou que poderia lhe pertencer.

É linda.

Ela pensou.

E por mais que tenha pensado que não, sim, aquela flor lhe pertencia. E quem lhe tinha ofertado achava que aquela menina, prestes a se tornar uma mulher interessante, era uma rainha.

“É sua.” Falou a amiga.

“Minha?” Indagou, quase não acreditando, a menina.

“Minha!”

E essa menina, mal sabia, que ao aceitar a rosa estava entrelaçada eternamente com a história desse moço. Sim, o moço da rosa branca.

Eles se amaram e se desejaram sem o saber.

Pensaram um no outro.

E finalmente se encontraram.

E dançaram. Beijaram um ao outro.

Conversaram com olhares.

Eles se viram todos os dias.

E brigaram. E cantaram. E foram sendo felizes.

Ela partiu.

Eles choraram.

E a intensidade da beleza daquela rosa branca, lá do começo da história desses dois, fez com que o amor aumentasse. O amor virou satisfação de estar junto. Mesmo não estando.

O amor transformou, fez conhecer, fez indagar, fez dos momentos e dos lugares coisas inexplicáveis.

O amor é inexplicável.

Mas seria só amor? Não, não.

Eles se reencontravam. E não se viam. E se reencontravam. E não se achavam.

E até chegaram a pensar “não dá mais.”

Aí o moço partiu.

Foi além-mar.

Ela sofreu.

Chorou, chorou, chorou.

Ele também.

Chorou, chorou, chorou.

E ela ainda chora.

Ainda sente o cheiro repentino. Uma saudade que passa-e-não-passa.

Aí ela se lembra daquela flor lá do começo.

E lembra que ao aceitá-la entrelaçou sua vida eternamente a do moço.

Ela sorri. Um meio sorriso, de uma meia felicidade.

E ele?

Ele também sorri. Um meio sorriso, apesar de sempre largo, mas um sorriso de uma meia felicidade.

A flor...

É todo dia nela que a menina pensa...

Forma bonita de pensar no moço.

Forma bonita de tê-lo um pouco menos distante...



*uma história real



I.

domingo, 14 de outubro de 2007

Dialética

Acordo.

A chuva cai e é estranho.

Aqui nunca chove.

A cabeça roda e dói, e não é uma ressaca.

Olho pra sacolinha de um supermercado. Lá diz “não ao desperdício”.

E acho mais estranho.

Eles querem nos dar dicas, mas esquecem que aquelas sacolinhas são tão prejudicais à nossa vida quanto o desperdício de água.

Humanos.

Somos assim.

Dialéticos.


I.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Dia nublado

Acordo cedo e olho pela janela da sala. Vejo o horizonte todo esbranquiçado. Na verdade vejo não muito longe, tudo meio branco e meio denso, os topos dos prédios baixos cobertos pelo nevoeiro, e o sol escondidinho atrás das nuvens. O horizonte? O horizonte eu nem vejo. Eu posso simular um sorriso e dizer mentalmente "Oba, neblina!" Até tento. Mas os 34°C e o cheiro de fumaça não deixam. E cadê as gotinhas d'água que deveriam cobrir as folhas das árvores, como em toda cerração matinal?

Dia cinza, ar seco, e termômetros em disparada. O ar raleia um pouco ao longo da manhã. Parece menos cinza, e o sol um pouco mais brilhante. Subo no ônibus ao meio-dia e não encontro um lugar pra sentar. Fico de pé, de frente para a janela dos fundos, olhando a rua correr debaixo dos meus pés. A fumaça que sai dos carros se mistura à fumaça do ar, e à fumaça do cigarro nos dedos do velho no ponto de ônibus, e à fumaça da casa que eu vi queimar há três dias, e à fumaça do fogo que risca o morro de Santo Antonio há semanas, tantas que eu não consigo me lembrar.

O ar entra pelas narinas secando tudo, até os pulmões. Os faróis andam à meia-luz, no meio da fumaça do meio-dia. O dia está cinza, o céu enfumaçado, o sol apagado, e o ar tão quente e denso como eu nunca vi. Se eu filmasse esse dia, e alguém de longe pudesse assistir, esse alguém me perguntaria por que as pessoas não estão agasalhadas, ou com guarda-chuvas, em um dia tão nublado, no meio de tanta névoa, com cara de que vai chover. E a moça do tempo anuncia: "Previsão de chuvas em Cuiabá a partir do dia 15 de outubro." Quinze! E o termômetro da avenida me informa: meio-dia e um, 41ºC.

Ao meio-dia e meia já estou resguardada no conforto do ar-condicionado, recebendo as boas notícias que eu já sabia que viriam, e pensando em toda aquela fumaça lá fora.

Acendo um cigarro e dou a minha contribuição ao dia nublado que me consome. Penso na fumaça, nas boas novas, na fumaça...



L.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Como assim seremos "alguém" melhor?



Todo dia a gente faz tudo sempre igual. E o Chico, sempre ele, está certo. Acordamos, vamos pra aula. E depois um estágio. E depois casa. Ou, se for quarta, um cineminha barato.

Fico pensando, ouvindo um professor-filósofo falando de quando trabalhou na Globo, e de quando editou o discurso de Lula/Collor 89 na Manchete, e ouço quando trabalhou na TVCA, e quando descobriu talentos. E ainda ouço o discurso politicamente correto do "vamos ser pessoas melhores, vamos ser jornalistas melhores."

E aí, a outra professora vem com a história do "não somos jornalistas, antes de mais nada, somos comunicadores sociais. Temos que olhar nosso papel na sociedade, temos que fazer o melhor e fugir da estrutura."

Ok. Fugir da estrutura. Como o peixe pode fugir da água, mesmo querendo, se fora ele morre?

Se bem que existem aqueles peixes que respiram fora d'água....


que peixe será que somos?



I.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

E lá vamos nós..... futuras jornalistas....

Um dia estávamos nós, Laísets e Isa Maria (vulgas Laíse e Isa, apenas), numa aula de Reportagem e Entrevista conversando com mais duas meninas....

Aí, do nada percebemos que todas as quatro estavam de óculos

"meninas de óculos, bom nome pra colocar num blog!"

"é..."

"vamos fazer um então, Laíse?"

"bora, mas a gente vai escrever sobre o que?"


"sobre a vida"


então tá



então vamos logo percorrer essas estradas....





Isa

Laíse